sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Eco

Consigo ainda ver-te: eco
que pode alcançar-se pela palpação
das palavras, na aresta do Adeus.
Teu rosto amedronta-se docemente,
quando de repente.
se acende uma luz de lâmpada em mim,
no lugar onde, com a maior dor,
se diz Nunca mais.
No ar , mora a tua raíz, aí,
no ar
escavamos um túmulo no ar
para não se estar lá apertado
lá fora ao pé dos outros mundos.

( se eu fosse como tu. Se tu fosses como eu
Não nos mantivemos nós de pé,
Juntos, sob um mesmo vento contrário?

Somos estrangeiros.)


Maurice Blanchot,  in
O último a falar

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